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Matéria FFW "15.04.2015 / POR FFW MODELS FIM DE UMA ERA: PLAYERS DA MODA RELEMBRAM SEUS MOMENTOS COM GISELE BÜNDCHEN"

Por Julia Pitaluga, em colaboração para o FFW
Colcci
GISELE BÜNDCHEN SE DESPEDE DAS PASSARELAS APÓS 20 ANOS DE CARREIRA ©AGÊNCIA FOTOSITE/REPRODUÇÃO
O FFW falou com diversas pessoas da moda que trabalham ou já trabalharam com Gisele Bündchen, que, nesta quarta-feira (15.04), se despede das passarelas no desfile da Colcci, durante o SPFW Verão 2016. Veja abaixo as respostas de profissionais como Paulo Borges, Mario Testino, Giovanni Bianco, Flavia Lafer, Erika Palomino e Daniela Falcão.
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PAULO BORGES, IDEALIZADOR E DIRETOR ARTÍSTICO DO SÃO PAULO FASHION WEEK ©REPRODUÇÃO
O que Gisele tem de diferente das outras?
Ela surgiu na hora certa, no lugar certo, no momento certo e, ainda, soube aproveitar todas as oportunidades que a vida lhe deu. Ela carrega a identidade de um Brasil contemporâneo, novo, alegre, saudável, e traduz a beleza brasileira moderna – ela abriu as portas para a geração inteira de modelos da sua época e das que virão por muitos e muitos anos. É uma verdadeira embaixadora da moda brasileira!
Um momento inesquecível que você teve ao lado dela?
São muitos. Mas há um em especial quando, em 1997, ela estava ensaiando o desfile da Zoomp, que tinha Alice no País das Maravilhas como tema e eu a escolhi como a modelo principal. A escolhida deveria ser uma menina que conseguisse transmitir tudo sobre a personagem, uma menina cujos olhos brilhassem e que quisesse descobrir um mundo afora fascinante. Logo depois, ela virou a modelo da campanha desse desfile e de várias outras temporadas para a Zoomp até conhecer o Mario Testino e os outros maravilhosos encontros que o destino lhe reservava. E como eu disse anteriormente, ela não deixou escapar nenhum.
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MARIO TESTINO, FOTÓGRAFO ©REPRODUÇÃO
O que você tem a declarar sobre Gisele?
Tive a sorte de conhecer Gisele desde o início de sua carreira e acredito que tudo o que ela faz é bem sucedido pois ela tem uma combinação de qualidades que simplesmente funciona.
Quando eu a conheci, em um casting em Nova York quando ela ainda era uma adolescente, era um momento em que seu visual não estava “na moda”, mas sua beleza física e sua beleza interior conquistaram a indústria fashion. Ela está sempre provando ser uma grande trabalhadora e eu amo o resultado que temos quando trabalhamos juntos. Quando eu a fotografo, ela quer sempre fazer a melhor imagem possível, assim como eu. Eu a admiro enormemente por isso e ela aplica esta dedicação a tudo o que faz.
Desde os primeiros dias, somos muito próximos e ela sempre esteve presente para me apoiar por toda parte, seja vindo visitar a minha exposição em São Paulo ou quando recebi a Medalha Tiradentes do estado do Rio de Janeiro. Ela se tornou como uma família para mim. Olho para trás para o que fizemos em conjunto com boas lembranças e espero que muito mais ainda esteja por vir. Gisele é bem sucedida em tudo o que faz porque é dedicada, apaixonada e verdadeira.
Erika Palomino, consultora de moda ©Reprodução
ERIKA PALOMINO, CONSULTORA DE MODA ©REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela que você mais lembra?
Eu me lembro de um desfile da Versace, um daqueles clássicos, ela com um vestido esvoaçante, já no final do desfile, andando com seu caminhar característico, que todo mundo queria copiar… Foi um desses momentos de que nunca vou esquecer. Foi mágico.
O que você acha que falta Gisele fazer na moda?
Eu gostaria de ver uma revista que ela fizesse a curadoria, escolhendo os fotógrafos, os stylists, as modelos, as propostas e o conceito de moda. Seria interessante ver as ideias dela sobre a moda hoje.
Um momento engraçado ou inesquecível que você teve ao lado dela?
Me lembro quando, num SPFW, minha repórter na época levou um sopapo de um fotógrafo tentando chegar perto do camarim para entrevista-la. Ainda bem que isso não a impediu de se tornar uma ótima editora (N.R.: a repórter em questão é Camila Yahn, editora do FFW, que foi assistente de Erika por cinco anos). Além disso, Gisele foi a capa do primeiro número da revista “Moda”, um momento profissional muito importante para mim na época – era a primeira revista que eu era diretora. O projeto gráfico era do Giovanni Bianco, e eles fizeram uma imagem que ela mesma se fotografava, com uma câmera bem simples. A foto ficou levemente desfocada, era a primeira selfie da moda, e para variar ninguém entendeu direito, pois era uma ideia totalmente nova.
Por que Gisele é diferente das outras? 
Eu poderia escrever uma tese sobre isso, tantos são os atributos de Gisele. Admiro sua determinação, porque não desistiu nem no início, quando criticavam desde seu nariz até o fato dela ter busto. Depois, quando todo mundo falava que “já era”, deu a volta por cima e retornou com tudo. Tem um extraordinário poder de reinvenção, ao mesmo tempo mantendo controle sobre sua imagem. Conhece seus ângulos e suas formas perfeitamente, tem entrega e alto índice de aproveitamento nos cliques. É extremamente profissional e séria, e enche o ambiente em que chega de vida e energia. É um ícone, e mudou a história da moda e do Brasil. Não se mistura, não se envolve em bobagens, nunca se importou com o que pensam dela, foi lá e fez. Tem grande senso de administração da sua carreira, sabe como ganhar dinheiro e toma decisões certas. Além disso tudo, é uma das mulheres mais lindas de todos os tempos.
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GIOVANNI BIANCO, DIRETOR CRIATIVO ©REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela mais memorável pra você?
Quando ela desfilou pela primeira vez pro Alexander McQueen, foi quando ela gritou ao mundo que o furacão Gisele estava chegando.
O que você acha que falta Gisele fazer na moda?
Depois de quatro anos de pesquisa bem detalhada sobre a carreira da Gisele, fica difícil pensar em algo que ela não tenha feito! Mas uma campanha sozinha da Prada e um editorial com o Bruce Weber na praia com vários cachorros e muitos meninos bonitos. Acho que são os dois itens que me vêm em mente.
Por que Gisele é diferente das outras? 
Ontem li um texto da Glória Kalil que definiu muito bem isso. Tem algo que não se explica, quando ela entra no desfile parece que até a luz modifica, o body language, sei lá! Loucura! Às vezes acho que ela, na verdade, é uma entidade poderosa e iluminada que desce nesse planeta para dar um pouco de beleza para nós, seres humanos.
O que você gostaria de saber sobre ela e ninguém nunca perguntou?
Tanto eu quanto ela somos muito curiosos um com o outro, mas: quantas vezes você GB (grande e bela!) quis enforcar o seu GB (gordo e bonitinho) nesses últimos quatro anos de trabalho intenso no processo do nosso livro?
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LENNY NIEMEYER, ESTILISTA ©REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela mais memorável pra você?
Quando ela desfilou para a Lenny Niemeyer no verão de 99/2000. Foi um sonho!
Um momento engraçado ou inesquecível que você teve ao lado dela?
Como eu falei, trabalhar com Gisele foi um sonho. Foi inesquecível quando ela fez o meu catálago em 97/98 com o Bob Wolfenson, ela estava começando a carreira e se mostrou uma pessoa encantadora na hora. Ela era tão nova e fotografava tão bem, era incrível já, todos ficaram encantados e comentando. Um momento que lembro foi que o cabelo dela estava solto e rebelde, mas era tão lindo do jeito que estava que a equipe decidiu nem mexer, não precisava fazer nada.
O que ela tem de diferente?
Personalidade. O elegante dela é natural, ela não força ‘ser’ nada. Ela sabe conciliar tudo; é graciosa ao andar, sabe se movimentar, sabe o seu melhor ângulo para fotografar, ela se dirige muito bem. Desde muito nova ela se dedicou a aprender isso tudo.
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DANIELA FALCÃO, DIRETORA DE REDAÇÃO DA “VOGUE” BRASIL ©FLAVIO TEPERMAN/REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela mais memorável pra você?
Toda vez que ela aparece na boca de cena com aquele olhar confiante e aquele andar único o meu coração dá uma disparadinha. Ela é capaz de repetir esse impacto temporada após temporada, é uma mágica. Cada vez que a gente a acompanha, é como se fosse sempre a primeira vez. Mas acho que nunca vou esquecer o desfile da Colcci do Verão 2014/2015, em que o Tom Brady estava na plateia olhando para ela do mesmo jeito embasbacado que a gente fica!
Um momento inesquecível que você teve ao lado dela?
A próxima “Vogue” Brasil, que comemora nossos 40 anos e os 20 anos de carreira dela. A Gisele se envolveu em cada etapa, do conceito à escolha de cada profissional. E se entregou totalmente, interpretou como nunca vi. Tem muito mais que uma über model ali, você percebe que é ela, Gisele, presente de corpo e alma em cada imagem. Não posso antecipar muita coisa, mas vai ser uma edição para guardar para sempre. Bom e a capa…
Por que Gisele é diferente das outras? 
Além do tal andar matador que fez fama no mundo todo e da beleza brasileira que virou chavão, acho que ela terminou criando uma imagem de mulher batalhadora, que vai à luta na carreira sem abrir mão de ter uma família, que inspira até quem não ama moda. E também é a profissional mais séria e compenetrada que conheço.
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LILIAN PACCE, JORNALISTA, CRÍTICA E APRESENTADORA NO CANAL GNT FASHION ©ELIANA RODRIGUES/REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela mais memorável de Gisele?
A primeira vez que eu a vi realmente nervosa: na temporada de Verão 2015 em que o Tom Brady veio para o desfile da Colcci.
O que você acha que falta Gisele fazer na moda?
Acho que ela nunca fez campanha para uma marca que tenha a sustentabilidade como DNA, e esse é um tema que tem muito a ver com a imagem dela.
Um momento engraçado ou inesquecível que você teve ao lado dela?
Ela tem editoriais memoráveis com o Steven Meisel, sempre com um toque de ironia e de crítica. Gisele já corrigiu a luz de uma entrevista nossa, já mostrou que sabe sambar e cantar e quando chega para trabalhar parece sempre a pessoa mais animada do mundo.
O que a torna diferente das outras?
Podemos falar do corpo, da personalidade, do profissionalismo, do talento, da aura… É por tudo isso e mais uma determinação e seriedade enormes.
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MARIA PRATA, JORNALISTA DE MODA E APRESENTADORA DO PROGRAMA MODA S/A NA GLOBO NEWS ©REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela mais inesquecível de Gisele?
A primeira vez que a vi desfilar, na passarela da Zoomp, no Morumbi Fashion. Acho que foi o primeiro desfile dela no Brasil depois de ter estourado completamente no exterior. As pessoas estavam enlouquecidas querendo entrar na sala, nunca havia visto tamanho frisson em um desfile.
Um momento engraçado ou inesquecível que você teve ao lado dela?
Quando comecei a trabalhar no SPFW, Gisele veio desfilar. Foi, mais uma vez, aquele tumulto, caos na porta do backstage, fotógrafos se matando para conseguir entrar. A Graça Cabral, que era minha chefe no site do evento, me colocou no camarim em que ela estava sendo maquiada para que eu fizesse fotos exclusivas para nossa matéria. Eu fiquei tão empolgada que estava sozinha ali com ela que saí fazendo milhares de fotos. Foram tantas que, uma hora, Gisele, que tinha acabado de ser apresentada a mim, virou, educadamente, e falou um: “oi, por favor, será que você poderia parar de fotografar um pouco?!”.
O que a torna diferente das outras?
São vários fatores diferentes que, juntos, constroem esse furacão. Primeiro, o fato de ela ter aparecido com toda aquela energia em um momento em que a moda estava muito para baixo. Aquela beleza solar era exatamente o que o mercado precisava. Depois, ela foi conquistando, um a um. Ter Gisele no set era garantia de energia boa, diversão e profissionalismo. Além disso, ela soube ir construindo a carreira dela da maneira certa, equilibrando trabalhos mais comerciais no Brasil, com outros mais conceituais lá fora, garantindo que sua imagem não ficasse desgastada e, do outro lado, ganhando muito dinheiro.
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SUSANA BARBOSA, EDITORA-CHEFE E DIRETORA DE MODA DA “ELLE” BRASIL ©REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela mais memorável pra você?
Todos aqui no Brasil, pela comoção que provoca. Em nenhuma outra passarela no mundo acontece isso quando ela passa.
O que você acha que falta Gisele fazer na moda?
Acho que poderia haver um pouco mais de transgressão na carreira dela, como fez Kate Moss ao posar para a “Playboy”. Uma modelo do porte dela não pode ter tabus, nem medo de ousar, de experimentar. Acho que ela tem tudo para transcender o mundo da moda para o da arte. Fazer algo inesperado com algum artista.
Uma lembrança querida que você tem…
Na primeira capa que fiz com ela, levei um doce de manga, original da minha cidade em Minas. Ela adorou! Esse foi também meu único momento com ela. Das outras vezes que ela posou para a “Elle” eu não pude estar presente, infelizmente.
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GIOVANNI FRASSON, DIRETOR DE MODA ©REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela mais memorável pra você?
Vários, claro! Mas um dos que mais me marcaram foi o primeiro desfile para o Alexander McQueen. Outro foi no primeiro desfile que assinei o styling para a Colcci, quando ela desfilou de top florido laranja e calça sarja cru.
Um momento engraçado ou inesquecível que você teve ao lado dela?
A primeira foto que fiz com ela e um grupo de new faces, incluindo a Fernanda Tavares fotografada pelo Miro para uma “Vogue Coleções” com roupas do Walter Rodrigues. Elas não paravam de falar e rir, e o que poderia ser um horror para o Miro foi um dos momentos mais deliciosos e engraçados que já vivi.
Por que Gisele é diferente das outras? Qual o ponto máximo para ela se destacar?
Ela é única. Focada, exigente e perfeccionista, além de ter domínio e controle sobre tudo. Ela entende muito do que está fazendo na hora. Luz, fotografia, moda, beleza e atitude. Além de ser uma pessoa incrível.
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FLAVIA LAFER, STYLIST ©BOB WOLFENSON/REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela mais memorável pra você?
Sempre vou ter a imagem dela atrelada ao primeiro desfile internacional dela, o da chuva, que fez para o McQueen.
O que você acha que falta Gisele fazer na moda?
Para mim, sem dúvidas, a única campanha que falta Gisele fazer é Prada.
O melhor ensaio que fez com ela?
Amei fazer este último que ainda não foi publicado, para a “Vogue” Brasil, que comemora os 20 anos de carreira da Gisele. Mas o que eu mais me lembro foi um que fizemos para a “Vogue” também, quando ela tinha apenas 13 anos. Foi um de seus primeiros editoriais e ela não sabia fazer expressões faciais diferentes ainda, então eu pedi para ela fazer cara de brava para ver o resultado. Ela na época não entendeu nada, mas quando ela fez a primeira viagem para fora, voltou me contando que o único editorial brasileiro que deixaram no book internacional dela foi este nosso.
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ADRIANA BECHARA, DIRETORA DE MODA DA “GLAMOUR” BRASIL ©REPRODUÇÃO
Qual o momento de passarela que você mais lembra?
Foi quando ela desfilou com um biquíni que tinha o rosto do Che Guevara estampado no bumbum. A sacada era ultramidiática da marca e potencializou ainda mais o fenômeno que é Gisele na passarela. No dia seguinte todos os jornais tinham Gisele na capa.
Um momento engraçado ou inesquecível que você teve ao lado dela?
Coordenei os ensaios de uma edição inteira da “Vogue” Brasil com a Gisele em 2010. E ela tinha acabado de ter bebê. Providenciamos então um bercinho para ele ficar no estúdio perto dela. Enquanto ele dormia, ela pediu encarecidamente que todos trabalhássemos no máximo de silêncio possível. Agora que sou mãe também, a entendo naquele momento e, se eu pudesse, agiria da mesma forma.

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